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Quinteiro planeja fabricar “universidade do búfalo” na Ilhéu de Marajó


Celular? Videogame? Brinquedos eletrônicos? Em uma das áreas alagadas no município de Soure, na Ilhéu de Marajó, crianças se divertem nadando com búfalos. Elas têm a missão de formar os animais, mas o trabalho vira um pormenor entre saltos e mergulhos, que ajudam a amenizar o calor intenso da região.

O búfalo é o principal símbolo do Marajó, que tem o maior rebanho do país: estimativas variam entre 650 milénio e 800 milénio animais. A maior secção está nos municípios de Soure, Chaves e Cascata do Arari. Eles estão representados em estátuas na rua, são usados para transporte, policiamento e na gastronomia, uma vez que o famoso filé mignon com queijo.

A centralidade do bicho fez a família proprietária da Quinta e Empório Mironga planejar a geração de uma “universidade do búfalo”: o Núcleo de Estudos da Bubalinocultura. Ainda não há previsão de implementação do projeto, mas seria o primeiro no país devotado à pesquisa sobre genética, manejo e aproveitamento integral do mamífero.

“Nós precisamos de gente para estudar melhor o búfalo: melhoramento genético, uma vez que associar valor no leite, no epiderme, na músculos, manejo, questão sanitária. Precisamos estudar e propalar. Levante meio não seria privilégio do veterinário ou do agrônomo, zootecnista e biólogo. Envolveria outras áreas uma vez que um tecnólogo de comida, de turismo, medicina”, diz o quinteiro Carlos Augusto Gouvêa, divulgado uma vez que Tonga.

Enquanto o projeto não sai do papel, a família organiza a “Vivência Mironga”, turismo pedagógico iniciado em 2017 que permite aos visitantes conhecerem o cotidiano da propriedade, a produção do queijo artesanal de leite de búfala e as práticas agroecológicas.

 


Soure (PA), 10/10/2025 - Carlos Augusto Gouvea, conhecido como Tonga, e a filha, Gabriela Gouvea, são os empreendedores da Fazenda Mironga. A fazenda produz queijos do leite de búfala e promove o turismo de experiência com o animal símbolo da Ilha de Marajó. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Soure (PA), 10/10/2025 - Carlos Augusto Gouvea, conhecido como Tonga, e a filha, Gabriela Gouvea, são os empreendedores da Fazenda Mironga. A fazenda produz queijos do leite de búfala e promove o turismo de experiência com o animal símbolo da Ilha de Marajó. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Soure (PA), 10/10/2025 – Carlos Augusto Gouvea, divulgado uma vez que Tonga, e a filha, Gabriela Gouvea, são os empreendedores da Quinta Mironga. A herdade produz queijos do leite de búfala e promove o turismo de experiência com o bicho símbolo da Ilhéu de Marajó. Foto: Marcelo Camargo/Escritório Brasil – Marcelo Camargo/Escritório Brasil

“A gente produzia muito queijo e gulosice, e havia essa possibilidade de aumentar os negócios. Só que a gente tem uma dimensão ilimitada, de 90 hectares. E a teoria não era produzir em graduação maior. Foi quando entrou o turismo e paramos de tentar essa expansão da produção. Hoje, o turismo responde por dois terços da herdade. Em setembro, tivemos um recorde de 400 visitantes”, diz Gabriela Gouvêa, filha de Tonga e presidente da Associação dos Produtores de Leite e Queijo do Marajó (APLQM).

O queijo do Marajó tem origem secular e é feito a partir de leite cru, com técnicas passadas de geração em geração. A luta pela legalização dessa produção foi longa e contou com a participação ativa da família, que ajudou a erigir legislação sanitária específica para o queijo artesanal.

Em 2013, a queijaria da Mironga foi a primeira a obter inspeção solene e, anos depois, o resultado recebeu a Indicação Geográfica do Instituto Pátrio da Propriedade Industrial (INPI). O Serviço Brasílio de Espeque às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) participou do processo de diagnóstico, legalização e organização coletiva.

Culinária afetiva

 O Moca Dona Bila, em Soure, se tornou um ponto de encontro entre a memória afetiva e a gastronomia regional. Primeiro do negócio está Lana Correia, empreendedora cearense que uniu a culinária nordestina — com cuscuz e tapioca — aos ingredientes típicos do Pará, com destaque para o queijo marajoara e a músculos de búfalo.

“Comecei com delivery em 2023 e a demanda aumentou. Por isso, abri meu espaço físico. Queria que o moca tivesse sabor e clima de vivenda”, conta Lana.“

As pessoas dizem que, quando comem cá, lembram da puerícia, da vivenda da avó, dos tempos em que vinham à Praia do Paixão [em frente ao estabelecimento]. Essa conexão emocional é o que torna o moca peculiar”.

 


Soure (PA), 09/010/2025 -  Lana Correia, proprietária do Café da Dona Bila, em Soure. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Soure (PA), 09/010/2025 -  Lana Correia, proprietária do Café da Dona Bila, em Soure. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Primeiro do Moca Dona Bila Lana Correia. Foto: Marcelo Camargo/Escritório Brasil

O envolvente hospitaleiro e o cardápio pleno de referências familiares conquistaram moradores e turistas. Os pratos mais pedidos são a tapioca molhada (com recheios de queijo e músculos), o bolo de milho cremoso e o cuscuz recheado.

De olho na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que vai ser realizada em Belém, em novembro, a empreendedora criou dois novos pratos que destacam ingredientes locais: o Cuscuz de Murrá, feito com filé de búfalo, e o Cuscuz Praia do Paixão, com camarão regional e queijo do Marajó.

Lana vive em Soure há quatro anos e completou dois adiante do Moca Dona Bila. Antes, trabalhou na dimensão de ensino superior, em Fortaleza e Belém, e foi no Marajó que descobriu sua paixão pela gastronomia.

“Eu cozinhava só para amigos. Cá, descobri um talento que nem eu sabia que tinha”, diz Lana.

Ela teve o escora do Sebrae em capacitações e articulações locais, e tem se firmado uma vez que um símbolo da novidade geração de empreendedores marajoaras, mais atentos à valorização da cultura sítio.

Preocupações ambientais

Em que pesem as relações culturais e econômicas históricas do búfalo no Marajó, a produção e consumo dos derivados do búfalo têm desafios ambientais para enfrentar. A redução da emissão de gases do efeito estufa é o tema principal da COP30. O último levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), de 2023, indica a pecuária uma vez que segunda maior emissora do país, detrás somente das mudanças de uso da terreno.

Os bovinos, categoria dos quais o búfalo faz secção, foram responsáveis por enunciar 405 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MTCO2e) nesse período. Isso ocorre pela liberação do gás metano (CH4) durante o processo de digestão do bicho. Talvez seja esses um dos principais quebra-cabeças a serem estudados pelo horizonte Núcleo de Estudos da Bubalinocultura.

*A equipe de reportagem da Escritório Brasil viajou a invitação do Sebrae.

 

 



Fonte: EBC

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