Escoltado do seu cachorro Zé, o empresário emérito Luis Sérgio Santos, de 73 anos, esteve esta semana no recém-inaugurado Novo Mercado São José. Ele queria ver as novidades do tradicional polo gastronômico e cultural de Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro, fechado desde 2018.
Santos conta que frequentava o espaço antes de seu fechamento. “Em relação ao que está agora, era um imóvel com características muito antigas, estilo colonial, era aconchegante, mas a gente via que estava precisando de uma reforma. Tinha barzinhos e venda de salgadinhos. Ouvia-se música, tocavam violão, tomavam um chopinho. Mas estava menosprezado. Agora está mais confortável, moderno, bonito, muito estruturado. Voltarei a frequentar. Será extraordinário se tiver uma programação músico”, enfatiza.
Reduto gastronômico
A farmacêutica Luiza Gotin, de 39 anos, aproveitou um tempo livre no trabalho para saber o novo reduto gastronômico do Rio. Moradora de Laranjeiras desde 2020, ela só conheceu o imóvel menosprezado.
“Eu passava por cá e via o mercado muito destruído, com moradores de rua dormindo dentro e fora do sítio. Fiquei muito feliz quando pensaram em revitalizar porque trouxe, além de mais segurança, espaço de interação com restaurantes. Espero que tenha atividades culturais. É um prédio tão icônico que não podia permanecer menosprezado do jeito que estava. Foi um presente para o Rio”, opinou Luiza.
Fechado há sete anos, quando o Instituto Vernáculo do Seguro Social (INSS) retomou judicialmente o imóvel, a prefeitura do Rio comprou o prédio e o terreno ao lado, em 2023, por R$ 3 milhões.
A Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) fez uma chamada pública e o consórcio liderado pela Engeprat com a curadoria da Junta Lugar, que reúne produtores de orgânicos, foi selecionado para gerir o espaço pelos próximos 25 anos. O investimento privado na revitalização foi de R$ 10 milhões.
Popularmente divulgado uma vez que Mercadinho São José, o meio gastronômico voltou a funcionar com 16 empreendimentos, entre hortifruti orgânico, queijaria, confeitaria autoral, cozinha sarraceno, moca próprio, massas artesanais, sorvetes veganos, fermentados, bares e restaurantes. O mercado fica ingénuo de terça-feira a domingo, das 10h às 22h, na Rua das Laranjeiras, 90.
Massas
O espaço foi uma oportunidade para que pequenos negócios abrissem lojas físicas pela primeira vez. O restaurante Basta, especializado em massas, é um deles. Mauricio Borges, de 28 anos, fez o curso de gastronomia na renomada escola Le Cordon Bleu. A sócia, Ellen Gonzalez, foi professora dele na escola de gastronomia francesa.
“A Ellen sempre participou da Junta Lugar e, quando soube que ia reabrir o mercado, ela se interessou e abrimos cá nosso primeiro negócio. Tem ficado muito referto. Nossa expectativa é muito boa. Estamos aumentando a nossa equipe e contratando mais gente”, revela.
Outro estreante é o Rancho das Vertentes, queijaria com produtos artesanais próprios e de outros produtores. A sócia Sandra Cardoso, de 59 anos, conta que vendiam muitos dos seus produtos nas feiras da Junta Lugar. “Há muito tempo a gente estava procurando um ponto para terebrar uma loja física. Era um sonho ter uma loja de produtor de queijo artesanal. Tem sido muito movimentado e estamos vendendo muito”, avalia.
Cofundador da Junta Lugar, Thiago Nasser, disse que a teoria era voltar a ser um mercado com produtores locais uma vez que era quando foi fundado em 1944. “A teoria era resgatar essa tradição de ser um lugar de produtores. Quando a gente começou com a prospecção, a gente trabalhou com a nossa rede de produtores para ter um lugar fixo. Já geramos muro de 150 empregos”, afirmou Nasser.
Desde 1944, o mercado integrou um ciclo de espaços comunitários cariocas batizados com nomes de santos – São Sebastião, São Bento, São Rafael, São Lucas e São Paulo. Seu tombamento uma vez que Patrimônio Cultural do Rio, em 1994, reforçou o valor uma vez que patrimônio afetivo e arquitetônico da cidade, segundo a prefeitura.
Senzala e celeiro
O imóvel foi uma senzala e um celeiro de uma quinta localizada no Parque Guinle na era do Poderio.
Sua inauguração uma vez que mercado ocorreu em 31 de maio de 1944, quando o presidente Getúlio Vargas decidiu harmonizar as baias para produzir um sítio que pudesse fornecer vitualhas mais acessíveis à população durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois de décadas de desabrigo desde os anos 1960, o mercado passou por uma revitalização em 1988 e se tornou um ponto tradicional da boemia carioca.
No entanto, com o passar dos anos, a infraestrutura do sítio começou a se estragar e ele acabou fechado em 2018, posteriormente o INSS retomar o sítio. Agora, a veras é outra.