Um desportista brasílio, com o número 9 às costas, do outro lado do mundo, conquistando o maior título da curso. As semelhanças que aproximam o surfista Yago Dora e o ex-jogador de futebol Ronaldo não são meras coincidências.
“Eu cresci com as memórias do Ronaldo jogando pela seleção brasileira. Quando eu era garoto, o Brasil ganhou o penta [da Copa do Mundo, em 2002] e isso ficou marcado. E há dois anos, eu quis mudar o número da minha lycra [traje utilizado pelos surfistas] para nove”, disse Yago, em entrevista coletiva.
“Ele [número 9] representa o face que chega na hora importante e define o jogo, faz as coisas acontecerem. Queria isso para a minha curso. Senti que era um simbolismo lítico, um tanto que eu queria me tornar. Um face decisivo, de momentos grandes”, emendou o brasílio, que imitou o incisão de cabelo adotado pelo Fenômeno na final da Despensa de 2002, denominado de “Cascão”, em referência ao personagem de mesmo nome do traçado “Turma da Mônica”.
É muita HISTÓRIA com a amarelinha e a 9 🇧🇷🏆#WSLBrasil #BrasilNoWSLFinals pic.twitter.com/AlujVzWbiS
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O surfista paranaense, de 29 anos, atendeu à prensa – Dependência Brasil inclusa – de forma on-line, direto das Ilhas Fiji, onde se sagrou, na última segunda-feira (1º), vencedor da temporada 2025 da Liga Mundial de Surfe (WSL, na {sigla} em inglês). Ele se tornou o quinto brasílio a chegar ao topo da modalidade e garantiu o oitavo título verdejante e amarelo desde 2014, quando o paulista Gabriel Medina abriu a sequência de vitórias do país no giro.
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Medina voltaria a invadir o mundo em 2018 e 2021. Além dele e de Yago, são campeões os também paulistas Adriano de Souza, o Mineirinho (2015), e Filipe Toledo (2022 e 2023), além do potiguar Italo Ferreira (2019). O único não-brasileiro a vencer o giro desde 2014 foi o havaiano John John Florence (2016, 2017 e 2024).
“Além da base potente, do talento, acho que é dedicação [do surfista brasileiro]. A galera virou desportista mesmo, começou a levar muito a sério o surfe. Pela minha experiência no giro, os brasileiros são os que trabalham mais duro. Vejo a galera botando mais tempo de treino, sempre buscando essa evolução. É esse sangue, esse incêndio brasílio, de querer a vitória e de não desistir nunca”, analisou o vencedor mundial, que frequenta a escol do surfe desde 2017.
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O título de Yago foi confirmado no WSL Finals, última lanço do ano, que reuniu em Fiji os cinco melhores surfistas dos circuitos masculino e feminino. Porquê estava na liderança da temporada, com vitórias nas etapas de Peniche (Portugal) e Tresles (Estados Unidos), o paranaense entrou na disputa diretamente na final, que normalmente ocorre em uma melhor de três baterias.
Uma mudança no regulamento anunciada em julho, porém, determinou que, caso o líder da temporada vencesse a bateria inicial da decisão, o título ficaria com o detentor da lycra amarela (a usada por Yago Dora, o líder da temporada regular). Se na final feminina a australiana Molly Picklum precisou virar o confronto contra Caroline Marks, dos Estados Unidos, para confirmar o nepotismo, Yago liquidou o duelo com o norte-americano Griffin Colapinto na primeira oportunidade.
“É doido, não parece real [a conquista do título]. É uma sensação muito boa, um trabalho de muitos anos. Consegui essa coroação cá em Fiji, um lugar que senhor tanto. No ano pretérito, tive um resultado frustrante cá, fiquei a uma bateria da final. Mas acreditei que esse lugar teria um tanto peculiar reservado para mim”, comemorou Yago.
O TOPO DO MUNDO É SEU, YAGO! 🏆🇧🇷
Obrigado por todos os shows proporcionados! Chegou com a lycra amarela em Fiji e representou o Brasil da melhor maneira provável!
VALEU, SKINNY GOAT! #WSLBrasil #BrasilNoWSLFinals #WSLFinalsFiji pic.twitter.com/ibETWaJvXw
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A relação entre surfe e futebol no bate-papo com Yago não se limitou a Ronaldo. O surfista foi perguntado sobre a dica que daria ao Athletico-PR, seu time do coração. Rebaixado no Campeonato Brasílio no ano pretérito, o Furacão está nas quartas de final da Despensa do Brasil, mas ocupa somente a 11ª posição na Série B, principal objetivo de 2025. Para voltar à escol do Brasileirão em 2026, o Rubro-Preto tem de depreender um dos quatro primeiros lugares da competição.
“Está sendo difícil ser torcedor do Athletico ultimamente [risos]. Mas acho que, em todo esporte, a gente tem de ir [para cima], mesmo na dificuldade, continuar acreditando e trabalhando. É isso que tira a gente do buraco. Isso é o mais difícil, eu acho, do esporte. Consegui evoluir muito nisso nos últimos anos e tem sido muito bom para mim, porque, uma hora, as coisas viram”, concluiu o vencedor mundial.